domingo, 4 de dezembro de 2011

Noites

Me disseram que o tempo curava feridas...
cura não!
A gente aprende a fingir...

Dói, arde, queima...
A vontade de chorar continua a mesma
e a saudade só aumenta...

Noites enormes e frias,
silenciosa escuridão...
horas dolorosas...

Nó na garganta,
aperto no peito...
E mais um dia amanhece,
completamente imperfeito!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Pensamentos

Sinto que minha vida se partiu,
se dividiu...
me dividi,
sou mais de uma, sou quatro...

Uma partiu há mais de ano,
outra luta para viver,
a mãe continua viva,
e uma outra diferente...

Essa outra desconhecida,
vive entre sonhos e realidade,
não dorme,
só pensa...

Pensa que tudo isso
não passa de uma virtualidade da vida,
talvez sejamos apenas
moléculas subatômicas...

Pensa em horas,
no tempo difuso
e confuso
do contratempo...

E pensa,
e tenta não pensar,
para não reviver,
para não relembrar...

Talvez um dia
ela desperte
desse pesadêlo,
desse desconforto...

domingo, 21 de agosto de 2011

Cenas

Primeiro Ato:

Queda,
inspiração...
Pressa,
gritos...
Socorro,
tremor...

Segundo Ato:

Boca seca,
cegueira,
confusão,
desespero...

Terceiro Ato:

Choro absoluto,
garganta apertada,
dor no peito,
desorientação...

Quarto Ato:

Semanas sem dias,
dias sem horas,
não há sono,
não há fome...

E continua tudo fora do lugar,
partes abstratas despojadas
de sentido, sei lá...

Tenho você em meus sonhos,
quando consigo dormir...
É maravilhoso sonhar contigo,
difícil é acordar...

E a realidade fica triste,
porque os sonhos são
alegres reencontros...

E assim o tempo vai passando,
alguns dias alegres,
outros nem tanto...

Mas nos sonhos,
encontrei meu refúgio,
quando consigo adormecer...

Questiono o desconhecido:
quando é realidade?
quando é sonho?

Tenho 14 anos para lembrar
e 1 dia para esquecer...

Te Amo!

domingo, 24 de julho de 2011

Quanto Tempo Dura?

Aqui, do alto do meu completo desespero
posso afirmar que a questão não é quanto tempo dura
e sim de quanto tempo eu vou durar...

Porque a dor da ausência vai continuar
aumentando a cada dia em que eu acordar
e a tristeza vai crescer enquanto espaço houver...

Porque as lágrimas irão surgir
mesmo sob o véu do sorriso,
pois sua ausência será sentida a cada dia...

Porque sei que não mais te encontrarei
não verei mais seu rosto,
não terei mais seu abraço...

Porque te tornaste uma lembrança
permanente, definitiva e linda,
enquanto eu aqui estiver...

Porque a ferida jamais irá cicatrizar,
nem a dor irá passar,
enquanto respiração houver...

Porque irei me sentir só,
mesmo rodeada de amigos
que amenizam a minha solidão...

Porque tenho as nossas meninas
e elas agora só tem a mim,
com meu amor redobrado,
mesmo que eu seja metade...

E assim irei caminhar,
só que agora com a certeza de que vou ter que viver
com toda essa dor que jamais irá passar...

O amor não morre,
não se esquece,
não aumenta nem diminui...

Apenas vai existir
enquanto eu aqui estiver,
enquanto eu respirar,
enquanto eu durar!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Se parar...

Por que continuo
sem chão?

Por que continuo
triste?

Por que continuo
sem rumo?

Quanto tempo dura
toda esta confusão
no meu coração?

Mente em rotação,
lágrimas em ondulação...

"E o pulso ainda pulsa",
o peito ainda dói,
o tempo ainda passa...

Aonde estou?
Quem sou?
Murchei como bexiga,
alguém me lançou no ar
e não sei onde vou parar...

Se algum dia parar,
separar algum dia,
eu que era
algo em algum lugar!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Ciclos

Antes
eu era deles...

Cresci
me rebelei
tomei posse de mim...

Amadureci
somei e multipliquei
me tornei deles...

Envelheci
tomei posse delas!

terça-feira, 12 de julho de 2011

Psiu !!!

Olhos abertos
atentos...
Ouvidos alertas,
silêncio...

Silêncio oco,
profundo,
vazio,
cortante...

Um corte que não divide,
subtrai,
dissolve,
recolhe...

Lassidão,
vicissitude diuturna,
sinonímia do nada...

Absoluto,
totem gigante
do que não é,
sendo...

Silêncio,
silente,
silêncio,
ausente,
silêncio,
presente,
silêncio
que arde,
silêncio
que queima,
silêncio
opressor,
oprimente,
oprimido...

Mente comprimida
no vácuo
do silêncio!

Psiu!!!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Metade

Começa o inverno,
frio em dias de sol,
escuro em dias claros...

Lembro dos dias de verão,
quentes em dias de chuva,
claro em dias escuros...

Termino sem dias,
nem frios nem quentes,
nem escuros nem claros...

A proximidade da distância,
a visão do invisível,
o cheiro do inodoro...

As cores se fundiram,
no mundo incolor,
silenciaram o mundo...

Tantos fortes,
tantos bravos,
tantos se superam...

Ou todos mentem,
ou todos fingem,
eu não consigo...

Não consigo nada
nem tudo,
nem pouco,
nem muito...

Me sinto conscientemente igual,
como ontem,
como semana passada,
como mês passado...

Como há dez meses atrás,
dez meses iguais,
imparciais,
indiferente dentro do diferente...

Sem sal,
sem mal,
sem ar,
sem par...

Murchei e virei metade!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Saudade, saudade...

Ainda parece um pesadelo
que não termina...
É difícil aceitar e continuar
sem você...

Hoje me sinto meia,
talvez duas,
quem sabe nenhuma,
talvez nada...

A dor continua a mesma,
nada mudou...
Me retirei do palco,
fechem as cortinas!

Quero viver diferente,
outra realidade...
Parem o mundo,
quero sair dele!

Quero o absurdo,
o irreal,
o impossível,
o inimaginável!

domingo, 29 de maio de 2011

Aonde?

Aonde está seu olhar
para enxugar minha face?

Aonde está seu sorriso
para me fazer feliz?

Aonde está suas mãos
para me guiar?

Aonde está sua voz
para me aconselhar?

Aonde está seu abraço
para me proteger?

Aonde está você
para que eu possa
me encontrar?

Guerreio entre mundos
na esperança brutal
de vencer o definitivo...

Talvez eu esteja
apenas direcionando a lança
na direção errada...

sábado, 21 de maio de 2011

Mesmo sem querer...

Mesmo sem querer
sua roupa está guardada,
sempre com a esperança absurda
de que você vai poder usá-la...

Mesmo sem querer
seus documentos continuam
perto da porta do quarto,
caso você precise sair rápido...

Mesmo sem querer
seu material de estudo e trabalho
estão salvos no computador,
intocáveis...

Mesmo sem querer
o dia amanhece e a noite chega
e sempre olho o relógio ao escurecer,
como se você ainda pudesse chegar de moto...

Mesmo sem querer
lembro que mais um mês se passou
e eu não tenho a menor idéia
de como estou conseguindo respirar...

Mesmo sem querer
estou sem o seu abraço,
sem o seu carinho,
sem o seu calor...

Mesmo sem querer
estou tentando seguir um caminho
encontrar um ideal
como se eu fosse continuar a viver...

terça-feira, 10 de maio de 2011

Nove Luas

O ciclo está completo,
no reverso das nove luas...
uma gestação de vazio,
um parto de dor,
sem vida...

Um parto de morte,
se é que isso existe,
nove luas,
fases intensamente dolorosas...

Tudo no reverso,
tirar um nome ao invés de escolher,
doar roupas ao invés de receber,
desfazer um quarto ao invés de fazer...

Certidão obituária ao invés de nascimento,
desaconchego, desapego, distância,
não tem sorriso, nem criança,
que faça algo parecer nascimento...

E deste parto o que restou
foi apenas um natimorto:
eu, com todos os meus sonhos,
eu, com tudo que fui...

O tempo?
Esse continua vivo,
esfaqueando o resto
do que ainda respira!

terça-feira, 26 de abril de 2011

Tanto faz...

Se estou com sono
ou não...
Se estou com frio
ou não...
Se estou com fome
ou não...
Se estou com sede
ou não...
Se estou cansada
ou não...
Se estou perdida
ou não...
Se estou triste
ou não...
Se estou encarando
ou não...
Se estou sumindo
ou não...
Se estou chorando
ou não...
Se ainda dói
ou não...
Se ainda respiro
ou não...
Se ainda acordo
ou não...
Se ainda suporto
ou não...
Se ainda aguento
ou não...
Se ainda vivo
ou não...
Tanto faz,
não importa,
tanto faz,
tanto faz,
tanto faz...
Whatever ... 
If I'm sleepy or not ... If I'm cold or not ...
If I'm hungry or not ... If I'm thirsty or not ...
If I'm tired or not ... If I'm lost or not ...
If I'm sad or not ... If I'm facing or not ... 
If I'm fading out or not ... If I'm crying or not ...
If it hurts or not ... If I still breathe or not ...
If I still agree or disagree ... If I stand still or not ...
If I still alive or not ...
It does not matter, whatever, whatever, wherever ...


sexta-feira, 15 de abril de 2011

Morrendo...

Em algumas ocasiões passadas,
achei que um pouco de mim havia morrido...
que nada!
tive apenas algumas paradas cardíacas
oferecidas delicadamente pela vida ...

Agora sim,
morri em mim,
e pouca coisa restou
de tudo que fui...

A cada dia que surge,
um pouco de mim ficou para trás...
e assim estou menos,
cada dia menos...

E o que em mim cresce
é a saudade,
a solidão,
o silêncio,
o vazio pleno,
cada dia mais...

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Levando...

Acordo,
me viro e você não está...
Choro,
na esperança de que tudo isso
seja um pesadelo...
Durmo,
um sono sem sonhos...
Acordo,
num dia sem planos...
Levanto,
numa manhã qualquer...
Sobrevivo,
sem rumo,
sem sentido,
sem fundo,
sem você...

sexta-feira, 4 de março de 2011

Gangorra


Existem dias longos,
mas a madrugada é cruel...
A dor, implacável, 
aperta o meu peito...

E dói...
Dor física e emocional,
uma colada na outra,
não sei qual dói mais...

Passo o dia entre altos e baixos,
e no baixo, rastejo...
choro com o grito entalado,
engasgado, sufocado...

Maldita recaída!

Começo a perceber que
dura para sempre,
a dor, a saudade,
a tristeza, tudo, tudo, tudo...

E você que está em todos os lugares
e em lugar nenhum,
no ar que respiro
e na lágrima que derramo...

Agora te pergunto:
quando vou me acostumar
a sentir tudo isso?

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O sonho - o meu presente para você

Sonhe com aquilo que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
 

As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passaram por suas vidas.

Clarice Lispector

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

6 meses...

Metade

Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste...

Que o homem que eu amo
seja para sempre amado
mesmo que distante.

Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um ser inundado de sentimentos.

Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.

E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.

Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.

Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.

E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.

Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.

E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.

Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada.

Porque metade de mim é amor,
e a outra metade...
também

"Ferreira Gullar"